Confesso que tremi nas bases.
Sabado de carnaval, 13 de fevereiro de 2010. Última apresentação do show "Eu te conheço, Carnaval!", selecioando pela Secma para a programação oficial da temporada em São Luís. Bacana. Quatro apresentações distribuidas por palcos espalhados pela cidade.
Começamos pela Nauro Machado, depois fomos à Vila Embratel, na sequência Praça da Saudade, e finalmente, Praça Deodoro, coração de São Luis, reabilitada, este ano, como cenário carnavalesco legitimo desde muitas decadas.
Pra começar o dia folias no aniversário de Dona Engrácia, minha mãe, no alto de seus oitenta e quatro aninhos. Circo armado com direito a feijoda de Dona Virginia, sob a providencial proteção de uma tenda preventiva que ninguém sabe lá do que São Pedro é capaz num sabado de carnaval maranhense. Osmar Furtado, trombonista conterranêo cajariense, contratado com mais uns dois ou tres cabras bons de bico pra fazer o pau comer nas jardineiras porque estais tão triste, cabeleiras de zezés, máscaras negras e tudo mais....
Eu, sorrateiro, tratei logo na chegada de reservar uma bela garrafa do único vinho disponivel na ocasião, por sinal branco, o que já não é indicado para meus indices conorários, mas vamos lá que quem não tem cão caça mesmo é com o que tem por gasto e o meu gato já estava engarrafado e pegando jeito no congelador. Dei conta dela até na hora de sair pra botar o fofão e rumar pra Deodoro feliz da vida. Nesse pequeno intervalo sobraram algumas inevitáveis fonações pela quantidade de gente presente a cumprimentar.
Chegando na Deodoro logo me precavi com um reforço energético, desses enlatados que se compra em qualquer bodega da cidade, virado de vez que a hora é essa. E lá fui eu para o ultimo round de minha temporada momesca.
Primeira parte do show: Tudo na maior. Marcha rancho pra passar do bloco tradicional para os frevos e marchinhas quando na segunda musica do set me vem um alarme das pregas vocais na região aguda das emissões. A nota alta não saía. O que vinha era um som bem mais grave totalmente descontrolado. Aí não prestou mais. Tentei de novo. Nova esgorregadela traiçoeira. E de novo. E de novo. Caracas, meu.....
Eu que nunca tinha encarado o fato de por qualquer motivo ficar impossibilitado de cantar, tremi nas bases. Jamais imaginei que pudesse ter uma reação tão incongruente quanto as sensaçõs de fragilidade e impotência das quais me vi tomado. Uma só questão me inquetou daí em vante: como suportar um impedimento desses?
Uma constatação e uma descoberta selaram o resto daquela, à partir de então, emblemática noite.
A constatação:
Semprei achei que cantar pra mim fosse um recurso secundário. Me acreditava compositor e somente a isso me agarrei para tocar a vida adiante.
A descoberta:
Meu cantar é minha capsula de viver. Sem cantar não me realizo como gente. Muito menos como compositor. Só cantando minha obra se concretiza, e o mundo pode ter algum sentido.
Devo essa a quem me deu assas!.......
2 comentários:
Maravilha de texto, Josias. Vc além de excelente compositor, cantar, ainda é um escritor capaz de encarar de frente as fragilidades da alma (e do corpo) humano.
Valeu, Gois. Um grande abraço, camarada.
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