quarta-feira, 15 de setembro de 2010

ODE AOS SUÍNOS

ODE AOS SUÍNOS

Sob o mormaço de outubro do ano da graça de 2010

Porcos só se alimentam de humanos

Em seu estágio/do maduro

Isso num estado/gio medonho

Mas,

se qualquer rifa dá samba

Emporco

A qualquer hora

Não emporcando

O tamanho

Josias Sobrinho

São Luis, Maranhão

Brasil 04.09

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

2011, uma odisseia cultural

Leonardo Brant | sábado, 14 agosto 2010

Época de eleição é sempre bom motivo para fazer um balanço sobre as políticas de cultura. E assim tem sido há pelo menos três eleições, sobretudo a memorável eleição de Lula para o primeiro mandato. Como forma de representar as demandas reunidas naquela época publicamos o manifesto “1% para a cultura”, que influenciou tanto os programas de governos de alguns presidenciáveis, quanto o primeiro momento da gestão Gilberto Gil.

Por conta do saudosismo e da vontade incessante de aprimorar a relação entre Estado, cultura, mercado e sociedade, sentimos a necessidade de retomar este debate. Fabio Maciel, presidente do Instituto Pensarte, Ricardo Albuquerque e Px Silveira, vice-presidentes, chegaram a mim no início deste ano, com uma provocação ainda mais interessante: discutir esses temas junto com todas as redes culturais, formada por artistas, articuladores, agentes e gestores de todo o país.

São reivindicações para todos os indivíduos, que pressupõem a ampla participação cidadã. Queremos mudar, antes de qualquer coisa, a nossa atitude em relação à cultura. E alcançar, a partir da ação conjunta, articulada, um novo patamar para a cultura na sociedade.

Partimos do cidadão para alcançar um Estado desejável, ciente da importância das políticas culturais para o desenvolvimento humano e sustentável. Rascunhamos 12 pontos interdependentes de valorização da agenda cultural, com objetivo de influenciar positiva e concreta e diretamente a vida de todos. E queremos discuti-los com você leitor, cidadão, partícipe dos movimentos e redes culturais do Brasil:

1. Memória. Cultivar a memória é um ato de cidadania. Conhecer o passado, a partir de diversos pontos de vista, é um direito de todos nós. E também um dever. O Estado deve valorizar todas as formas de preservação e memória, tornando-a viva e presente em nosso cotidiano, auxiliando na constituição de um novo mito fundador, pertencente ao conjunto da população brasileira.

2. Identidade. A identidade é um direito inerente ao cidadão. A ele cabe a autonomia e o livre arbítrio, necessários para cultivar e desenvolver a sua própria identidade, de acordo com os mais diversos elementos culturais produzidos pela humanidade. O Estado deve garantir acesso a todas as culturas e suas manifestações. E deve preservar os grupos culturais autóctones, promovendo sua cultura e protegendo-a dos efeitos da pós-modernidade.

3. Educação. Devemos encorajar as práticas culturais no processo de aprendizado e formação do indivíduo, reforçando tanto a dimensão cultural da educação quanto a função educativa da cultura. A escola é um espaço público, de natureza cultural, pertencente à comunidade. Apropriar-se desse espaço é direito e dever do cidadão e do Estado. A partir daí, devemos ressignificar o conceito de desenvolvimento, a partir dos aspectos culturais.

4. Cidadania. Participar da vida política da sociedade é um ato cultural. O Estado deve ser estimulador, garantidor e regulador dessa participação. Não basta ter direito à informação e à arte. É preciso garantir o multiprotagonismo e cidadania plena, com enfoque na cidadania cultural.

5. Diversidade. A celebração de outras culturas, olhares, crenças, modos de vida e realidades diferentes dos nossos é fundamental para o processo de formação do indivíduo, para a compreensão do mundo e a manutenção da paz. O cidadão deve buscar canais de informação alternativos e diversos. O Estado deve garantir a manutenção desses canais.

6. Diálogo. A verdade está escondida por trás dos processos de mediação social, sobretudo das indústrias culturais, como televisão, rádio, jornais, cinema e internet. Cabe ao cidadão a busca incessante da verdade. Ao Estado cabe garantir o controle social da informação e a regulação dos mercados de mídia, com o objetivo de garantir a constituição de um imaginário diverso e livre de domínios, controles privados e governamentais.

7. Infraestrutura. Devemos criar, ativar e promover espaços de convivência cultural. Escolas, bibliotecas, teatros, telecentros, centros culturais, praças públicas, são espaços coletivos de natureza cultural e devem ser ocupados pelo cidadão, geridos pelas comunidades, reconhecidos, estimulados e financiados pelo Estado.

8. Acesso. Devemos ter acesso irrestrito ao conhecimento produzido pela humanidade. Este aceso pode ser facilitado por cada um de nós e deve ser incentivado pelo Estado, sobretudo aos que detém dificuldades impostas pela condição econômica ou por dificuldade de locomoção ou acessibilidade.

9. Orçamento. O consumo responsável é arma essencial para o desenvolvimento sustentável. Consumir cultura é uma das maneiras de financiar o setor cultural. O Estado deve financiar quem faz cultura. Fomentar a pesquisa e as atividades de base, incentivar o empreendedorismo e dar crédito facilitado e barato para a indústria cultural. O PEC 150 é um avanço mínimo e urgente.

10. Mercado. O comportamento cultural das pessoas dita os rumos do mercado. O desenvolvimento do setor cultural é fator fundamental para a inserção de novos protagonistas no sistema econômico.

11. Arte. Arte é algo inerente a todos os cidadãos. Devemos encorajar a nós mesmos, nossos filhos, amigos e familiares a desenvolver atividades artísticas, desenvolvendo as mais diversas linguagens, técnicas e formas de expressão. O Estado deve financiar a pesquisa e o desenvolvimento da arte na sociedade.

12. Futuro. A atividade cultural é transformadora. Só a partir dela podemos alterar as rotas e caminhos individuais, de uma realidade social ou de toda uma civilização. Um futuro baseado na convivência pacífica e sustentabilidade depende da garantia dos direitos e liberdades culturais e de acesso econômico e cultural.

Transcrito do site Cultura e Mercado

domingo, 15 de agosto de 2010

Com a palavra: Celso Borges

IMAGEM DA PALAVRA
Apresenta
Celso Borges

Com a palavra: Laura Amélia Damous

IMAGEM DA PALAVRA
apresenta
Laura Amélia Damous

Com a palavra: Joãozinho Ribeiro

AVISO-PRÉVIO AO MINISTRO

(Joãozinho Ribeiro)

É quarta-feira, 11 de agosto, dia dos estudantes. Brasília amanheceu ensolarada, com previsão de níveis críticos para a umidade do ar. Atravesso a Ponte JK em direção a Esplanada dos Ministérios. Meu destino é o 4º andar, bloco B, gabinete do Ministro Juca Ferreira, onde serei mais tarde recebido pela diversidade dos sorrisos matinais das moças e rapazes que assessoram o titular da pasta federal da Cultura Brasileira. Com letras maiúsculas, sim senhor! Cultura hoje respeitada no mundo inteiro, e consolidada como questão central e estratégica no governo do Presidente Lula, sob a batuta magistral das gestões Gil e Juca; este último, eleito recentemente presidente do Comitê do Patrimônio Mundial da UNESCO.

Aguardo a chamada na fila dos despachos, convicto de não poder regressar ao Maranhão sem passar pelo ritual dos agradecimentos, e pela prestação de contas da missão que me foi confiada; até pelo respeito ao espaço reservado em sua disputada agenda ministerial para concluir o rito administrativo.

Finalmente, a porta do gabinete se escancara e relembro o momento em que me foi formulado, pessoalmente pelo ministro Juca, o convite para integrar a sua equipe, em meados de 2009. Convite que acabou se transformando numa extensa novela, constituída de muitos capítulos, até obter a minha cessão funcional do Ministério da Fazenda para o Ministério da Cultura.

O sorriso baiano recheado de cordialidade ainda é o mesmo, e toda possibilidade do ambiente ser contaminado por alguma nesga sombria de tristeza é terminantemente rechaçada. Minhas primeiras palavras são apropriadas pelo clima de simpatia instaurado. Nestes termos, não consigo perder a espiritualidade, nem a piada: “Ministro, vim lhe apresentar o meu aviso-prévio”. Ele sorri prazerosamente, quebrando toda e qualquer barreira protocolar entre nós.

Já num ambiente mais descontraído, na presença de boa parte de sua assessoria, vamos entabulando uma conversa afiada sobre o meu retorno ao Maranhão, justificado pela situação eleitoral e pelo compromisso histórico que mantenho, acima de todas as coisas, com a transformação política e social do meu Estado, submetido até hoje, sob muitos aspectos, às práticas coronelistas do século passado.

Falamos sobre o bom momento que vive a política cultural do país, sobre os grandes temas que se encontram no centro da agenda dos debates e do papel estratégico da cultura no meio de tudo isso; do muito que ainda temos de conquistar para transformar a política cultural, nos Estados e Municípios, em política pública de estado e não somente de governos passageiros.

É a vez de o ministro tecer elogios e agradecimentos sobre a nossa atuação no Ministério da Cultura, através da colaboração solidária em muitas frentes de trabalho que tivemos a oportunidade e a honra de contribuir; com destaque para a coordenação executiva da II Conferência Nacional de Cultura, com os debates sobre a reforma da Lei Rouanet, com a formulação do projeto de Modernização da Lei do Direito Autoral, com as relações federativas entre a União, Estados e Municípios, com as ações do Programa Mais Cultura etc. Muita coisa para apenas dez meses de ativa presença no Ministério.

Faz questão de enaltecer a importância da nossa gestão à frente da Secretaria de Estado da Cultura do Maranhão, até hoje referência para a administração da cultura em muitos estados da República Federativa do Brasil. Afirma, com todas as letras, ter sido esse um dos fatores fundamentais que propiciaram a decisão de convidar-me para integrar a sua equipe no Ministério da Cultura e, mais recentemente, ter estendido o convite para ocupar a chefia do seu gabinete.

Manifesto, nesse momento, toda a minha gratidão e reverência a sua pessoa, por todos os embates que teve de travar na defesa intransigente da minha indicação para o cargo de Coordenador-Geral de Estratégias e Gestão de Ações da Secretaria de Articulação Institucional, a margem dos apadrinhamentos políticos e partidários, contrariando diretamente os interesses de setores oligárquicos da Província do Maranhão, que chegaram ao cúmulo de uma interpelação telefônica solicitando a minha cabeça.

É chegada a hora dos acenos e considerações finais. De cabeça erguida, assim como cheguei, saio do gabinete do ministro Juca que, cavalheirescamente, me acompanha até o corredor.

Já do lado de fora, encontro a figura simpática de outro grande artífice da minha convocação para o MinC, Alfredo Manevy, atual Secretário-Executivo do MinC. Abraçamo-nos efusivamente, como velhos irmãos, e o resto já é história e patrimônio das nossas humanidades.

Joãozinho Ribeiro
poeta/compositor

sábado, 14 de agosto de 2010

Meu Nome É Ceumar

14 de agosto de 2010
'Show-sarau' reitera a força do nome de Ceumar
Resenha de Show
Título: Meu Nome É Ceumar
Artista: Ceumar (em foto de Mauro Ferreira)
Participação: Jussara Silveira (em foto de Rodrigo Amaral)
Local: Sala Funarte Sidney Miller (RJ)
Data: 13 de agosto de 2010
Cotação: * * * *
"Tô sentindo uma boa vibração para uma sexta-feira 13", observou Ceumar, marota, logo no começo do show que a trouxe de volta aos palcos cariocas na noite de sexta-feira, 13 de agosto de 2010. De fato, o público que superlotou a Sala Funarte Sidney Miller - havia gente sentada no chão tamanha foi a procura por ingressos - emanou boas vibrações para a cantora mineira, que apresentou ao seus fiéis fãs cariocas o show Meu Nome É Ceumar. A energia positiva valorizou o show da cantora e compositora, projetada há dez anos com a edição de Dindinha (2000), disco produzido por Zeca Baleiro. Munida apenas de seu violão, de sua voz e de sua sensível musicalidade, a artista fez belo show-sarau - a definição foi dada em cena pela própria Ceumar - que foi crescendo em intensidade e beleza. Se a primeira música do roteiro (Reinvento, parceria da artista com Estrela Ruiz Leminski) até fez supor que a apresentação seria bem convencional, a última - Oração do Anjo (Ceumar e Mathilda Kóvak), número emocionante em que Ceumar canta sem microfone, tocando uma rabeca como sutil repentista enquanto caminha por entre o público - deixou bastante claro que o público estava ali diante de uma artista personalíssima e segura.
Falante, Ceumar desfiou em cena um rosário de pérolas colhidas entre os repertórios de seus quatro discos. "São músicas pessoais - feitas para filhos, amores, problemas e incêndios", conceituou. A música feita para o filho, aliás, Planeta Coração, não chega a impressionar. Já o tema feito pela compositora para sua genitora, Mãe, cativa de imediato sentimento que brota da letra urdida com poético jogo de palavras. Entre um e outro, Ceumar mostrou sua romântica bossa abolerada (Meio Bossa), caiu no samba em Feliz e Triste (Ceumar e Kléber Albuquerque), reviveu sucesso de Zeca Baleiro (Boi de Haxixe), cantou em registro melodioso parceria de Arnaldo Antunes e Luiz Tatit (O Seu Olhar), saudou em Parque da Paz a cidade de São Paulo - onde morou por 14 anos - e recebeu Jussara Silveira para participação especialíssima que começou em Avesso (música repetida no bis, com a convidada já fazendo troça de sua insegurança com a letra lida em cena), prosseguiu bacana em Oferenda (Itamar Assumpção) e culminou no Baião de Quatro Toques (José Miguel Wisnik e Luiz Tatit). As mineiras desgarradas - como Ceumar brincou - uniram suas bonitas vozes em harmonia.
Com delicadeza charmosa, a voz de Ceumar cai bem tanto em um samba como Jabuticaba Madura quanto em tema jocoso como Rãzinha Blues (Lony Rosa), número em que brinca com a voz - cuja extensão é posta à prova quando Ceumar escala notas altas ao fim de Gira de Meninos, parceria da cantora com Sérgio Pererê que incorpora citação de Raça (Milton Nascimento e Fernando Brant, 1976). Nessa parte, a cantora também apresenta delicioso samba amaxixado de Sinhô (1888 - 1930), Maldito Costume, tema de 1929 que Ceumar gravou no álbum Dindinha, cuja bela faixa-título aparece no bis ao lado de As Perigosas (Josias Sobrinho). Enfim, um show-sarau pautado por boa música e boas vibrações. No palco e na plateia. O nome de Ceumar merece mais atenção!!!!

sábado, 7 de agosto de 2010

JULHO ACABOU BONITO

Impressões desalinhadas sobre o projeto Conexões musicais, cuja segunda edição [31/7] uniu em show os talentos de Ceumar e Tássia Campos.

A porta do Teatro João do Vale demorou um pouco a abrir e eu imaginei qualquer probleminha. O tamanho da fila me surpreendeu. “São os pais dos guris que vêm ao Chez Moi”, brincou minha mulher – “não gosto de fila nem para receber dinheiro”, costumo dizer, e estranho os adolescentes, sucessivas sextas-feiras pagando aquele mico.

Fiquei em pé, como quem não quer nada, ali pelos arredores. Ao comprar meu ingresso, um espanhol, num razoável portunhol me pediu, por acaso, informações sobre o show. Quem era, o que cantava etc. Respondi a tudo com bastante entusiasmo e recomendações e ele desembolsou os R$ 25,00 para ver/ouvir Ceumar.

Sabia que a mineira tem público razoável em São Luís, mas fiquei positivamente surpreso. A província ludovicense não aguenta mais de um evento no mesmo dia e sábado passado (31/7) estavam na ilha Eric Donaldson, Capital Inicial, sei-lá-que-praga-do-forró e ainda a volta do Clube do Choro Recebe, com atrações locais, além de Geraldo Azevedo ter se apresentado no dia anterior.

Topei alguns conhecidos antes de adentrar o hall do teatro, identifiquei outros na plateia, completamente cheia. O projeto Conexões Musicais, da Musikália Produções de Gilberto Mineiro, marcaria, nesta edição, o encontro do talento mineiro – ora radicado na Holanda – de Ceumar com a, segundo o material de divulgação, “voz revelação da Ilha” Tássia Campos.

Em qualquer hipótese, era algo imperdível: para quem conhecia a ambas – caso deste blogueiro –, para quem conhecia uma delas ou para quem – caso do espanhol – nunca tinha ouvido falar de uma ou outra. Tássia Campos, amém, tem se dedicado mais à música. Gravando disco de estreia, aparece vez ou outra nos palcos ilheus. Arrebatou o público, logo na primeira música, acompanhada apenas pelo teclado de Rinaldi, em uma interpretação matadora para Mais simples (José Miguel Wisnik).

A escolha antecipava ao público: a moça não é fácil, o repertório, lógico, não seria óbvio. Na sequência João Simas (violão) entrou em cena e Tássia Campos passou ainda por Vitor Ramil (Viajei), Maurício Pacheco (Eu sou melhor que você) e Otto (Crua com direito ao “fudia” da letra original).

Uma gravação explicava o porquê do nome de Ceumar – Meu nome é o nome de seu novo disco, autoral, ao vivo, voz e violão – antes de ela subir ao palco. Íntima do público ludovicense, dona da situação, desfilou um repertório baseado no deste mais recente – e bonito e ousado – disco. Sempre conversando com a plateia que, outra surpresa minha, cantou direitinho todas as músicas. Aqui e acolá faixas de seus outros trabalhos, aqueles clássicos que não podem ficar de fora – Dindinha (Zeca Baleiro), O seu olhar (Arnaldo Antunes/ Paulo Tatit), entre outras – além de Bacurau pragueiro (Josias Sobrinho), música dele que ela não gravou. “Ainda”, como frisou.

O compositor maranhense, aliás, roubou a cena. Além da inédita – na voz dela – e de As ‘perigosa’ – cantada no bis com Tássia Campos e Ben Mendes (saxofone), seu benzinho, o marido holandês, que já havia aparecido em duas músicas durante o show –, ela ainda emendou Engenho de flores à Oração do anjo. Os poucos-mas-fieis leitores deste blogue que me perdoem: estava lá de fã, não de jornalista, daí alguns fatores fora de ordem – não alteram o produto – e omissões. A vantagem, se é que assim podemos dizer, é que deixei para beber somente depois do show.

Somadas as apresentações e os bises, Ceumar e Tássia Campos cantaram por quase duas horas. Apesar da farra-miúda-pós-espetáculo, cheguei em casa, já era agosto. Não haveria melhor trilha sonora para julho acabar.

quarta-feira, 24 de março de 2010

Josias Sobrinho - Acorde Brasileiro - Abertura

Apesar da insistência minha, junto à produção do projeto, não teve como consertar a denominação da manifestação maranhense dedicada ao boi de brincar. Pra eles tinha que ser boi bumbá. Acontece que no Maranhão o brinquedo apreciado pela grande maioria de conterrâneos é chamado de bumba meu boi ou bumba boi. Sei que ficou mesmo Josias Sobrinho e o Boi Bumbá do Maranhão, o show que chamei, desde os primeiros contatos, de Engenho de Flores, A Música do Bumba Meu Boi do Maranhão.
Atendendo a uma solicitação do produtor Luiz Carlos Contursi, que me procurou depois da indicação do paraense Nilson Chaves, para que fizesse alguma referência ao boi do Maranhão no show que estavamos combinando para o Acorde Brasileiro, resolvi dedicar todo o espetáculo à manifestação popular maranhense e fechei um repertório só com toadas minhas, de cantadores tradicionais e de outros compositores. Também juntei uma coletanea de imagens de grupos dos varios sotaques em apresentações ao vivo e editei um video para exibição simultânea com nossa performance.
Com uma banda formada por sete músicos, tendo no violão Ronald Santos, no contrabaixo Antonio Paiva, na sanfona Rui Mário, na flauta João Neto, na bateria Cassiano Sobrinho, nas percussões Jeca Jekovisky e Carlos Pial e mais a participação cênica do ator Lauande Aires, nos mandamos para Porto Alegre, pra tocar no encerramento do projeto, dividindo o programa com o Grupo Fato, de Curitiba e o mestre Dominginhos.
O resultado voces conferem numa série de vídeos que estarei postando aqui.
O primeiro deles, a abertura, é uma homenagem aos mestres Coxinho, Leonardo, Nelson Brito e Terezinha Jansen.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Apavorado, eu........?

Confesso que tremi nas bases.

Sabado de carnaval, 13 de fevereiro de 2010. Última apresentação do show "Eu te conheço, Carnaval!", selecioando pela Secma para a programação oficial da temporada em São Luís. Bacana. Quatro apresentações distribuidas por palcos espalhados pela cidade.
Começamos pela Nauro Machado, depois fomos à Vila Embratel, na sequência Praça da Saudade, e finalmente, Praça Deodoro, coração de São Luis, reabilitada, este ano, como cenário carnavalesco legitimo desde muitas decadas.
Pra começar o dia folias no aniversário de Dona Engrácia, minha mãe, no alto de seus oitenta e quatro aninhos. Circo armado com direito a feijoda de Dona Virginia, sob a providencial proteção de uma tenda preventiva que ninguém sabe lá do que São Pedro é capaz num sabado de carnaval maranhense. Osmar Furtado, trombonista conterranêo cajariense, contratado com mais uns dois ou tres cabras bons de bico pra fazer o pau comer nas jardineiras porque estais tão triste, cabeleiras de zezés, máscaras negras e tudo mais....
Eu, sorrateiro, tratei logo na chegada de reservar uma bela garrafa do único vinho disponivel na ocasião, por sinal branco, o que já não é indicado para meus indices conorários, mas vamos lá que quem não tem cão caça mesmo é com o que tem por gasto e o meu gato já estava engarrafado e pegando jeito no congelador. Dei conta dela até na hora de sair pra botar o fofão e rumar pra Deodoro feliz da vida. Nesse pequeno intervalo sobraram algumas inevitáveis fonações pela quantidade de gente presente a cumprimentar.
Chegando na Deodoro logo me precavi com um reforço energético, desses enlatados que se compra em qualquer bodega da cidade, virado de vez que a hora é essa. E lá fui eu para o ultimo round de minha temporada momesca.
Primeira parte do show: Tudo na maior. Marcha rancho pra passar do bloco tradicional para os frevos e marchinhas quando na segunda musica do set me vem um alarme das pregas vocais na região aguda das emissões. A nota alta não saía. O que vinha era um som bem mais grave totalmente descontrolado. Aí não prestou mais. Tentei de novo. Nova esgorregadela traiçoeira. E de novo. E de novo. Caracas, meu.....
Eu que nunca tinha encarado o fato de por qualquer motivo ficar impossibilitado de cantar, tremi nas bases. Jamais imaginei que pudesse ter uma reação tão incongruente quanto as sensaçõs de fragilidade e impotência das quais me vi tomado. Uma só questão me inquetou daí em vante: como suportar um impedimento desses?
Uma constatação e uma descoberta selaram o resto daquela, à partir de então, emblemática noite.
A constatação:
Semprei achei que cantar pra mim fosse um recurso secundário. Me acreditava compositor e somente a isso me agarrei para tocar a vida adiante.
A descoberta:
Meu cantar é minha capsula de viver. Sem cantar não me realizo como gente. Muito menos como compositor. Só cantando minha obra se concretiza, e o mundo pode ter algum sentido.

Devo essa a quem me deu assas!.......

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Mako - Engenho de Flores


Decima sétima gravação de Engenho de Flores.

Incluida pela cantora japonesa radicada no Brasil, Mako, em seu cd, Algumas Cores, tendo Israel Dantas como um dos músicos/arrajadores e produtor. Participam também outros dois maranhenses: Zé Américo e Papete. Click cá para baixar e ouvir o resultado Engenho de Flores - Mako - Algumas Cores

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

O Papa "Wemba" é pop - Congo - Kaokoko Korobo

Com a palavra David Lewis, para Reuters, em 30/07/2004

CENÁRIO MUSICAL CONGOLÊS
Papa Wemba foi membro de destaque do dinâmico cenário musical congolês nos anos 1970, antes de mudar-se para a Europa, onde fez nome fundindo os ritmos africanos tradicionais com música pop, gravando discos e fazendo turnês em todo o mundo.
Embora viva na Europa há quase duas décadas, ele volta sempre ao Congo e mantém vínculos fortes com seu país, onde, durante os anos de sofrimento da população, sempre foi visto pelos jovens como símbolo da possibilidade de escapar das dificuldades.
Num país cuja guerra mais recente terminou há apenas dois anos e deixou pelo menos 3 milhões de mortos, em sua maioria de fome e doenças, a culpa ou não de Papa Wemba não parece ter grande importância. Ele continua a ser visto como herói, de qualquer maneira.
"Mesmo que ele tenha feito aquilo, isso mostra que ele ama o povo congolês. Pelo menos ele é patriota e tenta ajudar o povo", disse um camelô em Matonge, o bairro de Kinshasa onde Papa Wemba cresceu.
ÍCONE POPULAR
Numa época em que a população despreza os líderes que os fizeram sofrer anos de ditadura, guerra civil e uma difícil transição para a democracia, Papa Wemba é um ícone popular.
Nas ruas empoeiradas e decadentes de Matenge se espalham faixas dando as boas-vindas ao herói.
Foi ali que Papa Wemba cresceu, e, apesar de sua fama e riqueza, é para lá que ele sempre retorna, dizem os moradores do bairro.
"Mesmo quando ele estava preso, ele escrevia para mim. Papa Wemba nunca perdeu o contato conosco", conta Gele Siasia, 51 anos, um vizinho desempregado que conta que jogava bola com o cantor quando os dois eram crianças e que ainda o vê como irmão mais velho.
PAPA WEMBA PARA PRESIDENTE
Os moradores dizem que ele ajuda a comunidade quando há problemas, dá apoio a atividades voltadas aos jovens e, em alguns casos, intervém quando o governo não consegue consertar ruas ou restabelecer o fornecimento de energia elétrica.
Alguns congoleses chegam a sugerir que a popularidade de Papa Wemba e o mau desempenho dos governantes justificariam a entrada do artista para a política.
Para outros, porém, ele já faz o suficiente: "Ele já é nosso líder, mas é principalmente músico, e preferimos que ele continue assim. Se fosse político, a gente nunca o veria", disse Siasia.
O "filho da nação" não é homem de medir suas palavras. Ele critica os empresários por ignorar os talentos nacionais e obrigar músicos jovens a lutar sozinhos para fazer seus nomes.
Mas Papa Wemba diz que não vai fazer campanha nas eleições marcadas para 2005.
"Precisamos ter essa eleição para podermos escolher nosso presidente", diz ele. "Mas eu nunca serei presidente. Estou contente com o lugar que ocupo."