terça-feira, 5 de junho de 2018

O PORQUÊ DOS PORQUÊS

PORQUE ME INSCREVI NO EDITAL SÃO JOÃO DE TODOS 2018, SE TINHA RAZÕES DE SOBRA TANTO PARA FAZÊ-LO QUANTO PARA NÃO FAZÊ-LO?

Pra começo de conversa me declaro cem por cento favorável à política de editais no uso de recursos públicos. Já estive na condição de gestor de programação nas ex Secma  e ex Func, portanto sei bem da limitação de recursos diante da enorme e fortuita diversidade de nomes, gêneros e estilos artísticos genuínos que temos em nossa manifestação cultural. Algo que nos é historicamente caro e não raro doloroso como processo, para muitos dos que nos antecederam. Tenho plena a convicção de que só com coerência, critério e credibilidade no uso desta ferramenta democrática podemos conduzir com algum equilíbrio está barca maravilhosa.
Este foi o primeiro edital da Sectur em que me inscrevi, porque estando na gestão levei em conta esta condição para me declarar impedido, assim como o fiz quando gestor na Secma não me incluindo como atração de palcos onde respondia como responsável pela montagem da programação.
Como artista, usando de prerrogativa corrente usual, me candidatei através de uma produtora de eventos que presta esse mesmo serviço a muitos outros artistas e grupos, e minha proposta obteve 91 pontos no computo geral das classificadas, quase não passo, mas passei.
Um colega chama este processo de Vestibular da Sectur. Considero esta piada apenas engraçada. Só isso.
Enfim, passei e fui programado para duas apresentações.
Não sei quais os quesitos de minha proposta não foram considerados capacitantes o suficiente para estar entre os primeiros colocados, como foi no caso do edital do CCVRD onde não fui selecionado, mas me mandaram um e-mail sugerindo que na próxima ocasião caprichasse mais nos vídeos e etc.. Bacana. Apesar de essa mesma mensagem ter sido copiada para todos os outros casos semelhantes ao meu. Mas, confesso, a quem se deu ao trabalho de ler estas linhas até aqui, não me senti nem um pouco diminuído por isto, porque acredito piamente que posso melhorar a apresentação de meu portfólio uma infinidade de vezes, não fosse assim não seria o artista que sou. Não frequento gabinetes, não faço corte, não desisto de criar. Esta é a minha condição “sine qua non”.
Como diz um sábio comunicador destas terras tupinambá: Óquêi!!! Óquêi!!!!
Das poucas contribuições que dei ao debate vigente nas bocas e nas redes, disse que estava “tentando entender a lógica de Agnaldo na programação do São João de Todos 2018”.
Não sou contrário a ideia de nomes nacionais em nossas grandes festas. Acho necessário inclusive, porque sei reconhecer os “n” motivos pelos quais nosso público é deveras limitado entre nós mesmos. Quantas pessoas de nossa grande cidade saem de casa para exclusivamente assistir a um show de Josias Sobrinho ou qualquer outro de nós onde quer que esteja se dando? Mas, o papel de qualquer gestão pública de cultura que se preze ou preze os seus cidadãos não seria o de promover, preservar e qualificar os valores culturais da sociedade a qual pertence, até a última moeda, até mesmo recorrendo aos apelos de nomes de projeção internacional, se for preciso e oportuno? Pois, pelo que tenho presenciado, apresentações nossas em outras nações e visitantes que aqui tem a oportunidade de  experimentar a exuberância de nossas criações nos tem rendido aplausos e glórias.
Atravessamos uma crise sem precedentes. Óquêi!!!! Óquêi!!!!
Não dá pra contemplar a todos indiscriminadamente. Óquêi!!! Óquêi!!!
Perguntas que não podemos calar:
Quanto vamos gastar com as contratações externas, pagas em parte adiantadas, com o restante a pagar antes da apresentação, com recolhimento obrigatório de direitos autorais? Pois se não for assim não vem ninguém. E mais, como é para governo é mais caro, porque é utilitário e como ocorre lembrar, observemos cuidadosamente as práticas de muitas das prefeituras do estado que usam e abusam desse ardil.
Não podemos limar uma parte desses nomes e convidar nossos artistas que ralam em outras cidades divulgando nossos valores e criações?
Não podemos também distribuir parte desses recursos ampliando com isso a capacidade de contratação de outros nomes locais, artistas, tambores, bandas e tudo mais, com pagamento de direitos autorais, que desde a gestão de Joãozinho Ribeiro não são respeitados?
Será que sequer podemos conversar a respeito destas e de outras questões cruciais?

Josias Sobrinho, São Luís, 05 de junho de 2018.

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